domingo, 17 de julho de 2016

Sendo "a namorada"

Saímos outras vezes mais e a cada dia víamos que éramos extremamente compatíveis. Ele me fazia feliz demais. Eu estava sempre sorridente quando estava ao seu lado. E a recíproca parecia ser verdadeira. Acho que mais difícil que acreditar que eu tinha um namorado, só crer que alguém podia realmente gostar de mim e ser feliz ao meu lado. Isso era surreal!

Eu sempre fui super insegura com relação à mim, à minha personalidade... Achava que seria impossível alguém gostar do meu jeito nada delicado, dos meus gostos estranhos e principalmente, do meu aspecto físico. Eu sempre me achei sem graça. Óculos grandes, dentes tortos, nariz de batata... Gordinha, com quadris e coxas demasiadamente grandes para o meu gosto... Enrolada e completamente desajeitada, aquele tipo de pessoa que ri de tudo, parece bobo alegre. E surpreendentemente, ele gostava desse "combo do terror". Ele sempre dizia que me achava linda, que meu corpo era exatamente o que ele gostava (exceto os meus pés).

E finalmente, num dia 31 de Janeiro, ele me pediu em namoro no estacionamento do hospital onde trabalhávamos, após me levar para almoçar no aniversário do pai da melhor amiga dele. Acho que esse foi um dos melhores momentos que passamos juntos. Daqueles dias perfeitos, que a gente registra na memória e não quer esquecer jamais.

Felipe me proporcionou diversos momentos inesquecíveis, na verdade. Um mais bonito e singelo que o outro. E talvez, em todo o nosso relacionamento, o melhor tenha sido o dia 24 de Março. Era uma quinta feira, véspera de feriado, e ia acontecer um show comemorativo do aniversário de uma rádio que nós sempre escutávamos. Eu estava super ansiosa por esse show, porque algumas das melhores bandas de rock do país tocariam. Comprei os nossos ingressos e partimos para o show. Dançamos, cantamos e quando estávamos no auge da diversão, ele me puxou pra um abraço, segurou as minhas mãos em seu peito e, olhando nos meus olhos, disse que me amava. Foi como se tudo parasse ao meu redor e tudo o que eu fiz, foi ficar olhando nos olhos dele e pensando "Eu ouvi mesmo isso?". Um homem dizendo que me amava. A minha reação foi me enfiar no peito dele e ficar ali, quietinha. Tempos depois ele me disse que ficou um tanto quanto apavorado, pensando que tinha se precipitado e que me assustou. Realmente, ele me assustou. Primeiro pela surpresa em si de um homem dizer que me ama. E segundo, porque tudo era muito recente. Estávamos juntos há dois meses e meio, mais ou menos. Eu estava na fase "da curtição" do namoro e, naquela altura, um "eu te amo" era carregado de responsabilidade.

Mais uma vez, a minha cabeça começava a borbulhar milhares de pensamentos e, como ele costumava dizer, eu começava a pirar.