domingo, 17 de julho de 2016

Passando o tempo/Pedido de ajuda

Até então, eu estava seguindo uma cronologia, mas preciso pular um pouquinho pra escrever sobre os últimos fatos. Quando as demais postagens chegarem até aqui, eu reposto essa passagem.

Eu cheguei num ponto no qual não sei bem o que fazer. Eu me sinto no meio de uma batalha, entre os meus pais e Felipe.

Eles reclamam de muitas coisas em relação a ele:

- Ele é um cara orgulhoso, não aceita ajuda de ninguém e parece querer mostrar pra mim a qualquer custo que é capaz de fazer as coisas, embora não precise fazer nada disso porque eu reconheço as qualidades dele. Muitas vezes, chega a ser petulante.

- Às vezes, ele é sem educação e grosseiro. E fala alto. Isso me incomoda bastante, na verdade. Sei lá, parece que a educação e o respeito que ele usa 24h por dia dentro do quartel desaparecem em algumas situações que nós vivemos.

- Ele não gosta de estudar. Eu acredito que ele até goste quando o assunto o agrada. Pra mim, lá no fundo, ele não gosta da faculdade que está cursando. Já falei várias vezes que ele devia explorar os outros talentos que ele tem, mas não me escuta.

Por outro lado, ele reclama dos meus pais:

- Eles agem como se fossem donos da minha vida. O próprio Felipe é vítima disso. Eles fazem uma baita pressão pra que a gente termine, porque na cabeça deles, eu tinha que arrumar um cara melhor (leia-se: alguém que já tivesse um curso superior ou que estivesse realmente estimulado pelo seu curso. Acredito que o fato dele ser pobre, negro e de outro estado também contribua bastante nesse "pacote").

- Eles ficam querendo satisfações da minha vida o tempo todo. A cada passo que eu dou, eu tenho que ligar ou avisar onde eu estou. Isso até determinado ponto é compreensível, já que eu moro na cidade mais perigosa do país. Mas também me restringe, pois, eles ficam cientes de TODOS os lugares que eu vou.

- Eles têm medo do passado dele. É aquilo, eu namoro um cara de outro estado, cuja família eu não conheço e que pode ter me contado uma penca de mentiras durante todo o tempo que estamos juntos. Eu confio nele, mas não posso exigir que meus pais confiem também.

E como se tudo isso não fosse o suficiente, ainda tem o pior problema, pelo menos pra mim: Ele quer filhos. Eu não quero.

Há cerca de duas semanas, fomos em um aniversário e uma amiga dele levou a filha recém nascida. Ele já tinha dito várias vezes que queria filhos e eu expressado a minha aversão ao fato tantas vezes mais. Mas nesse aniversário, eu pude ver nos olhos dele o quanto isso é importante pra ele. Ele pegou a menina nos braços e ficou por um tempo que pra mim equivaleram-se há horas olhando para aquela criança e babando por ela. E isso me dói muito, porque eu não vou poder dar isso pra ele. E quando chegar o momento, como vai ser? Eu vou negar um filho e ele vai em busca do sonho dele com outra mulher? Chorei muito no dia seguinte, à ponto do meu rosto ficar inchado o dia inteiro e ele até perceber. Não disse pra ele o motivo do choro, mas doeu ver aquela cena.

Outra coisa que têm me incomodado muito. Ele foi forçado a se mudar do apartamento no qual morava e voltar a morar no quartel onde está servindo agora (não estamos mais trabalhando juntos). Eu desde o início reclamei do apartamento que ele alugou quando decidiu deixar de morar no hospital, mas ele o escolheu, apesar de eu ter deixado claro que era num local perigoso. Mas o teimoso pôs na cabeça que era lá onde ele ia morar, porque era "exatamente o que ele queria e podia pagar". Conclusão: as coisas deram errado e ele teve que ir embora de lá às pressas. Depois que ele foi embora de lá, eu passei uma tarde procurando apartamentos pra ele morar próximos da faculdade dele, com preços bons e em lugares bacanas, mas ele não quis nem ouvir. Colocou na cabeça que ia morar há 85km do quartel, numa cidade que ele gosta e ponto final. Isso me dá medo. Como vai ser o meu futuro com uma pessoa que se nega a me ouvir? Que toma as decisões e, quando dá errado, coloca a culpa em mim, como ele o fez essa semana? Disse que ele alugou o apartamento antigo somente porque era perto de onde eu morava, sendo que na época, não foi essa a justificativa que ele deu.

Ontem saímos e decidimos sentar no calçadão da praia para vermos o mar. Encostei a cabeça dele no meu peito e comecei a chorar copiosamente. Ele perguntou o motivo e eu disse que é porque sinto falta dele durante a semana, quando ele está no quartel. E é verdade, mas esse não era o único motivo pelo qual eu estava chorando. Chorava também porque eu tô numa espécie de luta dentro de mim, entre ouvir a razão ou o coração. Não sei até que ponto vou conseguir ter paciência e lidar com os defeitos dele. Isso sem contar que a opinião dos meus pais vale muito pra mim. Mas eu o amo. Não do jeito platônico como amava Hans, mas eu o amo sim, de verdade. E se eu tomar a decisão errada, isso vai afetar a minha vida pra sempre. Eu posso escolher continuar e me arrepender amargamente no futuro, com um marido grosseiro. Ou posso terminar hoje, e descobrir daqui há alguns anos que eu perdi um amor verdadeiro. Porque eu realmente acho que ele me ama de verdade.

Eu tô angustiada, realmente não sei como proceder. Só queria que Deus me ajudasse e me mandasse uma luz. Sei que não sou merecedora e que ultimamente eu tenho sido uma péssima cristã, mas ainda assim, se Ele pudesse me enviar um sinal, eu ficaria extremamente grata.